Desmistificando a lenda de uma alma imortal

19 de agosto de 2013

Os ímpios já estão no inferno?


O castigo é no dia do Juízo – Pedro não poupou clareza em se tratando de negar completamente a imortalidade da alma. Em 2ª Pedro 2:9 lemos que: O Senhor sabe entregar o devoto fora das tentações, e reservar os injustos para o dia do juízo para ser punido” (cf. 2Pe.2:9). Os ímpios não estão já sendo punidos, eles estão “reservados” para o dia do juízo em que, aí sim, serão punidos. Se eles estão reservados para o dia em que serão punidos é porque não estão sendo punidos ainda. Se eles já estivessem queimando em algum lugar, já estariam sendo punidos. À luz deste texto bíblico tão ferrenhamente contra a punição atual dos ímpios, algumas traduções como a Almeida Atualizada tomaram a liberdade de traduzi-lo da seguinte maneira:

“Também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados” (cf. 2ª Pedro 2:9)

Contudo, esta tradução não corresponde com o original grego, mas sim com as pretensões dos defensores da imortalidade da alma em salvarem sua doutrina antibíblica de que os ímpios já estão sendo castigados agora. O original grego traz: “krisewV kolazomenouV threin” – reservados para condenação – e as palavras gregas “hmeran krisewV" empregadas no verso mostram quando é que se dará essa punição: “hmneran krisewV” – dia do juízo [julgamento, condenação]. É impossível que algum tradutor bíblico tenha falhado na tradução deste verso de forma não-intencional ou acidental, sendo que ele é de tão fácil tradução e assim é feito pelas melhores versões do mundo, como a versão inglesa King James, conhecida mundialmente pela sua tradução fiel aos originais da Bíblia, traduzindo este verso da seguinte maneira:

The Lord knoweth how to deliver the godly out of temptations, and to reserve the unjust unto the day of judgment to be punished”

“O Senhor sabe como livrar os piedosos da tentação, e reservar os injustos para o dia do julgamento, para serem punidos”

Essa tradução correta também é a mesma tradução das melhores versões do mundo, como a tradução de Reina Valera (Espanha), que assim traduz:

“Sabe el Señor librar de tentación á los píos, y reservar á los injustos para ser atormentados en el día del juicio”

“O Senhor sabe livrar da tentação os justos, e reservar os injustos para serem atormentados no dia do juízo”

Mais traduções que trazem que os injustos só serão punidos no dia do juízo, além do próprio texto original no grego de acordo com a Concordância de Strong, é a Young’s Literal Translation, a Luther (1912), a Giovanni Diodati Bible (1649), a Louis Segond (1910), entre outras. Por incrível que pareça, nesse quesito até mesmo as traduções católicas superaram as protestantes em língua portuguesa, pois tanto a Ave Maria como a CNBB traduziram por “reservar os ímpios para serem castigados no dia do juízo” e por “reserva os ímpios para o castigo no dia do julgamento”. Uma das versões protestantes da Bíblia em português que se salva é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel, que verteu por “reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados”, corrigindo o equívoco das traduções anteriores.

A clareza da linguagem é indiscutível: os ímpios não estão sendo punidos ainda, mas estão reservados para o dia do juízo, quando aí sim serão punidos. Para o apóstolo Pedro, os ímpios não estavam sendo castigados no presente momento, mas o momento em que serão castigados era no dia do juízo. A lógica é indiscutível:

(1) Os ímpios estão “reservados” para serem castigados “no dia do juízo” (cf. 2Pe.2:9).

(2) Este juízo é um um acontecimento futuro na volta de Cristo (cf. 2Tm.4:1; At.7:31; 1Pe.4:5).

(3) Logo, os ímpios não estão sendo castigados atualmente.

Essa lógica de Pedro é como um golpe de morte na visão tradicional e comum que se tem do inferno, onde todos os não-salvos já estariam entre as chamas de um fogo devorador neste exato momento, sofrendo pelos seus pecados ao passo que os justos já estariam na glória. Pedro neste verso especificamente não fala nada sobre a condição atual dos salvos, mas nos dá uma pista importantíssima que nos ajuda a refutar a tese da imortalidade da alma: que os ímpios não estão sendo castigados ainda.

Tal castigo é futuro, não é algo que já esteja em andamento. Os ímpios estão “reservados” (em suas sepulturas) para o dia do juízo (na segunda vinda de Cristo, quando ocorre a ressurreição) em que serão castigados. A doutrina pagã da imortalidade da alma tenta a todo custo reverter este raciocínio, tentando nos convencer que o castigo dos ímpios já é atual e que depois do juízo apenas haverá uma continuação deste tormento já existente. Nada que esteja mais longe da teologia de Pedro, onde vemos que a punição e o castigo é algo lançado no futuro, e que os ímpios estão “reservados” a sofrer, e não que já estejam sofrendo neste momento.


A punição dos ímpios é um acontecimento futuroEm 2ª Pedro 2:6 o apóstolo Pedro reafirma sua crença com relação ao destino final dos ímpios: Também condenou as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinzas, tornando-as exemplo do que acontecerá aos ímpios” (cf. 2Pe.2:6). “Reduzindo-os a cinzas”! Que péssima figura de linguagem para alguém que terá uma vida eterna no inferno! Por meio deste texto percebemos que, além da redução às cinzas por parte dos ímpios (o que de modo algum se relaciona a uma “imortalidade”, como ensinam os dualistas), o apóstolo Pedro é claro em referir-se a punição dos ímpios como algo futuro. Novamente, a confirmação de que os ímpios não estão queimando ainda.

Se os ímpios já estivessem sendo castigados e sofrendo no presente momento, Pedro escreveria que “está acontecendo aos ímpios”, e não “daquilo que acontecerá aos ímpios”.  O apóstolo deixa mais do que claro que o tempo dos ímpios serem castigados é no futuro, do que “acontecerá” com os ímpios, e não daquilo que já está acontecendo com eles.

Não resta sombra de dúvida nenhuma que, na visão de Pedro, a punição/castigo e destruição dos ímpios sempre foi considerado um acontecimento futuro, que lhes está reservado a acontecer no dia do juízo, que corresponde a ressurreição dos mortos/segunda vinda de Cristo (cf. 1Co.15:22,23). Isso se confirma nas palavras de Pedro na sua segunda epístola:

“Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas” (cf. 2ª Pedro 2:12-17)

Os pecadores estão “reservados” para o castigo final, intitulado “negrume das trevas”, para o dia do juízo, ou seja, não estão queimando ainda. Ele jamais faz menção a um “inferno de fogo em atividade”, pelo contrário, intitula os ímpios como “reservados para serem castigados no dia do Juízo” (cf. 2Pe.2:9), para o que “acontecerá aos ímpios” (cf. 2Pe.2:6), aos quais está “reservado o negrume das trevas” (cf. 2Pe.2:17). Nada disso condiz com um fogo eterno em andamento, mas com um acontecimento futuro que ainda não lhes sobreveio.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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2 comentários:

  1. E o que você diz sobre a narrativa de Jesus sobre o rico e Lázaro? Este fato narrado por Jesus não se refere ao futuro, pois o rico, em tormentos, pede para que alguém venha alertar seus cinco irmãos sobre o terrivel sofrimento que está passando. Creio que este seja um estado intermediário entre a morte e a ressurreição e que existe, sim, sofrimento para ímpio até que seja definitivamente aplicada a sentença de condenação (pois ele já está condenado) e ser lançado no lago de fogo (segunda morte).
    Em Cristo,
    Paulo Morais

    ResponderExcluir
  2. Paulo Morais, a explicação da parábola do rico e Lázaro você pode ver aqui:

    http://desvendandoalenda.blogspot.com.br/2013/07/estudo-completo-e-aprofundado-sobre.html

    Abraços.

    ResponderExcluir

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