Desmistificando a lenda de uma alma imortal

24 de setembro de 2013

Os dois destinos finais: vida ou morte


“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (cf. João 3:16)

Esse versículo que você acabou de ler é, provavelmente, a passagem mais conhecida de toda a Bíblia. Mas talvez seja uma das menos bem compreendidas. Transmite exatamente a realidade do amor de Deus até mesmo pelo maior dos pecadores, ao ponto e dar o Seu único filho pela redenção da humanidade. Além de ser um dos textos mais belos de toda a Bíblia, ele nos apresenta uma realidade que veremos a partir de agora: A Realidade dos dois Destinos.

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14 de setembro de 2013

Por que meio estaremos com o Senhor?


E assim estaremos com o Senhor – “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (cf. 1ª Tessalonicenses 4:16,17).

Paulo deixa claro o modo pelo qual um crente pode "estar com o Senhor", expressando essa ideia ao longo de todo o contexto. Para os vivos, esse meio é o arrebatamento ou transladação dos crentes por ocasião da vinda de Cristo; para os mortos, esse meio é a ressurreição dos mortos. Paulo simplesmente não deixa qualquer outra alternativa aqui. Sobre este texto, Joe Crews fez essa importante observação:

"Observe o significado da palavra 'ASSIM'. Significa 'desta forma', 'deste modo', 'por esse meio'. 'ASSIM', desta maneira, por este meio, 'nós estaremos com a Senhor'. Ao detalhar, sem qualquer limitação, a forma e os meios pelos quais nós vamos estar com o Senhor, Paulo exclui todos os outros meios. Se existe outra maneira de conseguir estar com o Senhor, depois de vermos a clara linguagem de Paulo, é uma estupenda falsidade. Se nós vamos estar com o Senhor através do nosso espírito imortal quando morrermos, então não vamos estar com Ele por meio da vinda visível de Jesus, a ressurreição dos mortos, e a transformação para a vida. As palavras de Paulo, então não seriam verdade. Não existe uma forma possível de evitar tal conclusão, salvo afirmando que a descida do Senhor do céu, o poderoso brado, a trombeta, a ressurreição dos mortos e a transformação para a vida, todos ocorreriam quando a pessoa morre – uma posição demasiado absurda para ser considerada"[1]

Azenilto Brito complementa:

"Observem novamente que, em 1 Tessalonicenses 4:16, 17, Paulo espera estar presente com o Senhor. Ele descreve a vinda gloriosa de Cristo, a ressurreição dos mortos e a trasladação dos santos vivos. Então diz que 'assim estaremos sempre com o Senhor'. Essa palavra 'assim' significa, portanto, desta forma, ou por esse meio. Ele está dizendo: Isto é como vamos chegar a estar com o Senhor. Se, portanto, é através da vinda de Cristo e da ressurreição que chegaremos a estar com o Senhor, então é óbvio que não vamos estar com o Senhor antes desse tempo"[2]

Desta forma, podemos ver que Paulo exclui a ideia de estar com o Senhor através de uma alma imortal que sobrevive à parte do corpo após a morte, pois coloca como únicos meios para se estar com Cristo a ressurreição (para os mortos) e o arrebatamento (para os vivos). Nada de uma outra opção alternativa para aqueles que já morreram!

Na consolação aos tessalonicenses, falando sobre os seus parentes já falecidos, o apóstolo jamais indica que eles já estão na glória do Paraíso, muito pelo contrário, os consola unicamente com a esperançada da ressurreição dos mortos (cf. 1Ts.4:18), o que não faria sentido nenhum se fosse apenas para um corpo morto que já virou pó se as almas imortais já estivessem com Deus no Céu. A consolação de Paulo, voltada totalmente para a ressurreição, além de omitir que os seus amigos e parentes já estivessem na glória, afirma ainda de modo categórico que “de modo algum precederemos os que dormem” (cf. 1Ts.4:15), indicando que mortos e vivos entrarão no Paraíso no mesmo momento.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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[1] CREWS, Joe. O que a Bíblia diz sobre estar ausente do corpo. Disponível em: <http://setimodia.wordpress.com/2008/12/16/livreto-o-que-a-biblia-diz-sobre-estar-ausente-do-corpo/>. Acesso em: 19/08/2013.
[2] BRITO, Azenilto GuimarãesO que é estar ausente do corpo. Disponível em: <http://www.c-224.com/Ausente.html>. Acesso em: 19/08/2013.
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11 de setembro de 2013

Os que morreram estão vivos em outro mundo?


Contraste entre Cristo e os homens mortaisNo primeiro caso, os que recebem os dízimos são homens mortais; lá, porém, se trata de alguém do qual se declara que vive(cf. Hb.7:8). Aqui contrasta-se “homens mortais” com aquele vive [atualmente] – Cristo. Este versículo simplesmente não faz lógica para os imortalistas. Em primeiro lugar, porque os que recebem o dízimo “no primeiro caso” (pelo contexto, os levitas – cf. Hb.7:5,6) também deveriam estar vivos assim como Cristo, pois seriam imortais através de uma alma eterna que lhes teria sido supostamente implantada.

Em segundo lugar, o contraste que faz o autor de Hebreus é muito claro: Jesus é aquele “que se declara que vive”, ao contrário dos demais homens! Ora, se existisse a imortalidade da alma então aqueles homens também estariam vivos e, portanto, o contraste ali apresentado seria nulo e sem sentido. Novamente vemos a distinção entre Cristo e os outros que já morreram, assim como a antítese entre Cristo e Davi (cf. At.2:34), e entre Cristo e os demais (cf. At.19:25), vemos também aqui o fato de que os homens são mortais, mas Cristo vive!

O texto original do grego traz: “apothnesko anthropos” – homens mortais – e, em seguida, aplica os termos gregos: “ekei de” – lá, porém. Veja que o autor faz questão de ressaltar o caráter de um contraste. A última palavra deixa claro uma condição: “mas; porém; contudo”. Ele ressalta um nítido contraste, uma antítese, entre um grupo (levitas) e o outro (Cristo). Após ressaltar que estava elaborando um contraste entre um e outro grupo, ele declara que a respeito de Cristo: “marturoumenos oti zê" – testemunha que vive.

Em outras palavras, dado o devido contraste, Cristo continua vivo e os outros não; à Cristo se declara que vive, aos outros homens se declara que são mortais; é muito claro a partir deste versículo que Cristo está atualmente vivo, ao contrário dos demais homens. Aqui são homens que estão mortos; lá, porém, trata-se de alguém que está vivo. Embora na teologia imortalista todos os que morreram já estão vivos em algum lugar (até mesmo junto com o próprio Cristo), o autor de Hebreus faz o contraste e distinção entre ambos – lá estão mortos, aqui está vivo!

Isso provém do fato de que Jesus já ressuscitou antes (cf. 1Co.15:22,23) e, por isso, vive. Os outros, contudo, esperam a ressurreição (sem vida), o que explica o nítido contraste feito pelo escritor de Hebreus, entre o Cristo vivo e os demais mortos. Se tanto Cristo quanto os outros homens que morreram estivessem todos vivos, então a antítese perderia completamente o seu sentido. Só entende esta passagem quem realmente crê que não existe vida entre a morte e a ressurreição, sendo a morte o fim da existência. A passagem é uma prova incontestável de que Cristo está vivo e os outros do “primeiro caso” estão, realmente, mortos - sem vida.


Antítese entre os que morrem e o que permanece eternamenteE, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, pois vive para sempre para interceder por eles” (cf. Hb.7:23-25). Aqui vemos que o motivo pelo qual Cristo tem um sacerdócio perpétuo provém do fato de que ele permanece [vivo] para sempre!

Ora, se os homens subsistissem fora do corpo em estado desencarnado por meio de uma alma imortal, segue-se então que eles também permaneceriam para sempre. Novamente, vemos como é confusa a doutrina imortalista, porque de novo faz com que o contraste feito pelo escritor seja fútil, sem sentido, pois ambos permaneceriam para sempre. Se Cristo permanecesse vivo para sempre e os outros também, isso não seria antítese coisa nenhuma. Isso ignora completamente o contexto bíblico e o fato de ele aplicar a partícula grega “de” – mas; contudo; entretanto.

É muito claro que se trata de uma antítese, de um contraste entre o Cristo que está vivo e os demais que estão mortos. Se seguimos a lógica incontestável de que os que já morreram realmente estão sem vida (pois não existe forma de vida consciente entre a morte e a ressurreição), então tudo começa a fazer sentido. A morte os impede de permanecer (v.23); mas Cristo vive para sempre (v.25), porque tem um sacerdócio perpétuo proviniente do fato de que permence vivo eternamente (v.24)!

Novamente, vemos que toda a antítese aqui feita revela-nos que a doutrina da alma imortal não bate com o que é nos dito. Afinal, os dois grupos viveriam para sempre e os dois grupos permaneceriam eternamente vivos. Isso significa contrariar o pensamento do autor, que segue uma lógica incontestável: Cristo está vivo; os demais, mortos.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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9 de setembro de 2013

Quando os justos entrarão no Reino? - Parte 1


Paulo e Onesíforo O companheiro de Paulo, Onesíforo, morre, e Paulo fala a respeito dele em sua segunda epístola a Timóteo: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes ele me reanimou e não se envergonhou por eu estar preso; ao contrário, quando chegou a Roma, procurou-me diligentemente até me encontrar. Conceda-lhe o Senhor que, naquele dia, encontre misericórdia da parte do Senhor! Você sabe muito bem quantos serviços ele me prestou em Éfeso” (cf. 2ª Tm.1:16-18).

Este desejo de Paulo reforça ainda mais aquilo que já vimos até aqui: os mortos permanecem sem vida até a ressurreição dos mortos, quando serão despertados, sendo julgados para entrarem no Céu ou no inferno. Sabendo que Onesíforo, já morto, se encontrava nesse estado, Paulo deseja que ele encontre misericórdia da parte do Senhor naquele dia , indicado como um acontecimento futuro, o dia do juízo na segunda vinda de Cristo.

Para os imortalistas isso não faz qualquer sentido já que Onesíforo já teria encontrado a misericórdia da parte de Deus, pois já teria supostamente entrado no Paraíso com todos os outros santos. A misericórdia a Onesíforo já seria encontrada, ele já estaria no Céu e já teria sido julgado (cf. Hb.9:27),  já estaria desfrutando das bênçãos paradisíacas. Contudo, Paulo nada diz de Onesíforo já ter partido para a glória celestial, e ainda consola a família baseando-se na esperança de alcançar a misericórdia da parte do Senhor “naquele dia”, obviamente porque ele não teria encontrado tal misericórdia ainda.

Isso não faz senso algum caso Onesíforo já estivesse no Paraíso, pois Paulo (assim como qualquer imortalista) teria escrito que Onesíforo já teria alcançado a misericórdia de Deus e que ele já estava na “glória”. Mas o fato é que Onesíforo ainda não alcançou a misericórdia de Deus, e somente a alcançará “naquele dia”, o dia do juízo. Paulo deseja que ele alcance a misericórdia de Deus no dia do juízo, uma vez que Onesíforo não havia sido julgado ainda para encontrar a misericórdia da parte de Deus e entrar no Céu. Tal declaração de Paulo é fatal à doutrina da imortalidade por dois motivos principais:

(1) A consolação de Paulo não é que Onesíforo já esteja confortado no Céu, mas sim de obter a misericórdia no dia de um juízo futuro.

(2) Se Onesíforo já estivesse no Céu então já teria alcançado a misericórdia de Deus e, portanto, Paulo teria que ter empregado o verbo no passado: “encontrou”, e não “encontre naquele dia”, a misericórdia da parte do Senhor.

A linguagem de Paulo difere absurdamente dos defensores da alma imortal, porque ele não diz que “ele encontrou misericórdia da parte de Deus”; mas sim que ele só encontrará a misericórdia de Deus em um acontecimento futuro que se dará “naquele dia”. Evidentemente, tal linguagem de Paulo expressa a sua convicção de que os que já morreram só ganham vida em um acontecimento futuro – “naquele dia” – e, portanto, torna-se lógico o desejo do apóstolo em ver Onesíforo encontrar a misericórdia de Deus em um futuro distante, e não em consolar alguém com a ilusão de que este já estaria “na glória”, já tendo passado pelo juízo e alcançado a misericórdia de Deus.


A salvação do espírito é no Dia do Senhor “Entreguem esse homem a Satanás, para que o seu corpo seja destruído, e o seu espírito seja salvo no dia do Senhor (cf. 1Co.5:5). Essa é uma refutação de peso para a doutrina de que o espírito é salvo logo no momento da morte. O apóstolo Paulo ressalta que o homem que seria excomungado da Igreja (“entregue a Satanás”) de alguma forma poderia se voltar a Cristo e buscar a salvação para ser salvo. A pergunta que fica é: quando é que o espírito deste homem seria salvo? Quando ele morresse? Não, mas “no dia do Senhor”, que é claramente relacionado com a segunda vinda de Cristo.

Inúmeros versículos nos mostram que o “dia do Senhor” trata-se da Sua segunda vinda: “O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor (cf. At.2:20). Outras passagens que relacionam claramente o “dia do Senhor” que ainda está por vir com a segunda vinda de Cristo encontram-se nas epístolas de Paulo aos tessalonicenses: “Pois vós mesmos estais inteirados com precisão que o dia do Senhor vem como o ladrão de noite” (cf. 1Ts.5:2). E novamente ele afirma que o dia do Senhor é o momento da Sua segunda vinda: “A que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o dia do Senhor (cf. 2Ts.2:2).

O “dia do Senhor” não chegou ainda porque ele só acontece na segunda vinda de Cristo. Paulo, em todas as suas epístolas, compartilhava sua crença de que o dia do Senhor é relacionado à volta de Cristo. Pedro também compartilhava da mesma ideia ao escrever: “Virá, entretanto, como o ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (cf. 2Pe.3:10).

Vemos, portanto, que o “dia do Senhor” é uma clara referência à segunda vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, a Sua Volta gloriosa, e não ao momento da morte do homem a quem Paulo se refere. É no momento da segunda vinda de Cristo que o espírito será salvo, e não no momento da morte! Vale ressaltar sempre que é exatamente nesta segunda vinda que ocorre a ressurreição (cf. 1Co.15:22,23).

Se Paulo cresse que uma alma imortal deixasse imediatamente o corpo com a morte, levando consigo consciência e personalidade, então diria que o espírito seria salvo no momento da morte. Contudo, é claro o sentido do texto – o espírito é salvo “no dia do Senhor”, e não no dia de sua morte, o que nos revela ainda mais claramente a crença de Paulo de que a vida era somente a partir da ressurreição.

Sendo que é nos dito de modo claro que “o corpo seja destruído” [iria morrer corporalmente], o que esperaríamos na sequência, se existisse a imortalidade da alma, seria que o espírito seria salvo logo neste mesmo momento da morte, partindo imediatamente para junto de Deus. Contudo, Paulo faz questão de ressaltar que o espírito será salvo é “no dia do Senhor”, e não no dia da morte ou no mesmo momento exato da destruição corporal, porque é somente no dia do Senhor que ocorre a ressurreição para a vida.


Os filhos não foram revelados na glória ainda  – A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados” (cf. Rm.8:19). Se os filhos de Deus já estivessem na glória, então a natureza não estaria esperando nada, pois já estariam todos sendo sucessivamente revelados nas mortes de cada um! Veja que o verbo está no futuro: “sejam revelados”; e não: “estão sendo revelados” ou “foram revelados”! O que o apóstolo Paulo escreve vai frontalmente contra a doutrina de que “morremos e vamos para a glória celestial”, porque os filhos de Deus ainda nem sequer foram revelados.

A natureza está aguardando, isto é, ela está com “grande expectativa”, sabendo que os filhos de Deus não foram revelados, mas haverá um dia em que eles, finalmente, serão revelados. Essa é a expectativa que todo verdadeiro cristão deveria ter, centrado no glorioso dia da ressurreição dentre os mortos no qual os filhos de Deus serão finalmente revelados para a glória diante de Deus.

Alguém ainda poderia argumentar como é que podemos ter a completa certeza de que se trata realmente da ressurreição dos mortos. A resposta a isso está na própria continuação da passagem no seu contexto, que deixa tal interpretação ainda mais clara:

Romanos 8
19 A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.
20 Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança
21 de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus.
22 Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto.
23 E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos interiormente, esperando ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção do nosso corpo.
24 Pois nessa esperança fomos salvos. Mas, esperança que se vê não é esperança. Quem espera por aquilo que está vendo?
25 Mas se esperamos o que ainda não vemos, aguardamo-lo pacientemente.

Paulo afirma que ele esperava com ansiedade o momento em que seremos adotados como filhos, e indica este momento na sequência: a redenção do nosso corpo! Uma clara referência à ressurreição dos mortos, quando este corpo corruptível se transformará em incorruptível e a nossa natureza mortal se revestirá de imortalidade. O que Paulo afirma é muito importante, pois a partir disso vemos que a expectativa de Paulo não era que sua alma deixasse o seu corpo rumando a um estado intermediário, mas estava totalmente centrada na ressurreição dos mortos.

Tal era a esperança dele, na qual ele diz que esperava ansiosamente (v.23). Quanta diferença para os dias de hoje em que a doutrina da imortalidade da alma fez com que a ressurreição se tornasse um mero detalhe desnecessário! É óbvio que esta é a esperança de Paulo porque é neste momento em que ele se veria na glória. Tal conclusão fica ainda mais forte quando vemos que é neste momento em que seremos adotados como filhos (v.23). Não é logo após a morte em um estado desencarnado, mas sim na “redenção do nosso corpo”, na ressurreição dos mortos.

Paulo nem imaginava que poderia ficar milênios no Paraíso em um “estado intermediário” sem ter sido adotado como filho ainda para só depois disso Deus finalmente adotá-lo como filho e só depois disso ele ser revelado. O foco todo é na ressurreição dos mortos, porque é somente neste momento que vem a adoção como filho na glória (v.23). Paulo segue uma lógica incontestável: os filhos de Deus ainda não estão revelados (v.19), a espera ansiosa era pela redenção do corpo (ressurreição - v.23), e a nossa adoção como filho é também somente na ressurreição (v.23)!

E Paulo ainda conclui: “é nessa esperança que fomos salvos” (v.24)! Qual é o contexto? Qual é a ênfase? Qual é o sentido lógico lendo-se todo o conjunto? É óbvio que Paulo sabia que o momento em que estaria na glória seria na ressurreição, quando finalmente seremos adotados como filhos. E era nessa esperança - da ressurreição - que ele vivia, e não na ilusão de uma vida em estado incorpóreo, antes de chegar qualquer "redenção do nosso corpo" e antes da nossa "adoção como filhos".

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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Biblicamente, o que é o "espírito"?


Espírito, no original hebraico “ruach”, significa literalmente: “sopro, vento”. É o fôlego de vida que Deus soprou em nossas narinas tornando-nos almas viventes. Para os imortalistas, significa nada a mais e nada a menos do que a própria alma imortal implantada no homem, um segmento com consciência e personalidade. Mas isso não é verdade. Uma grande prova de que o fôlego de vida (espírito) que Deus soprou em nós não é uma alma imortal, é que a Bíblia afirma categoricamente que nós o perdemos por ocasião da morte (cf. Jó 27:3; Jó 34:14-15).

Ora, se fosse uma entidade consciente presa dentro de nós, então continuaria conosco após a nossa morte, mas isso não é verdade: a Bíblia caracteriza a morte como a retirada do fôlego de vida (sopro). Isso prova que o “espírito” que possuímos nada mais é do que o sopro da parte de Deus que concede animação ao corpo, sendo freqüentemente caracterizado como sendo o “sopro de Deus” (cf. Jó 33:4).

Quando é retirado por Deus (expirando), o fôlego é reintegrado no ar, por Deus. O próprio fato de nós possuirmos o “fôlego de vida” não significa possuir em si mesmo a imortalidade, porque na morte este princípio volta para Deus. Isso nos mostra que a vida deriva de Deus, é sustida por Deus e retorna para Deus por ocasião da morte. “Espírito”, no conceito bíblico, em nada tem a ver com uma entidade viva e consciente tal como no estilo kardecista ou platônico.

Tal fato é acentuado por Jó ao declarar: Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deusno meu nariz, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano”(cf. Jó 27:3,4). Enquanto o sopro de Deus está nas nossas narinas, nunca Jó pronunciaria qualquer palavra de engano. Quando, porém, o sopro se vai, o que é dele? Nada, não mais existe (cf. Jó 7:21; Jó 14:10-12).

Por isso ele acentua que enquanto estiver com ele o sopro de Deus nas suas narinas, os seus lábios não pronunciariam engano. O sopro (fôlego de vida) é inteiramente dependente de estar nas nossas narinas (corpo físico) para continuar ativo, dando continuidade a vida. Sem o corpo físico, este princípio deixa de conceder vida em si mesmo. Ademais, se o espírito [ruach– sopro] fosse a própria alma imortal implantada em nós, então a declaração de Jó nos levaria a crer que a “alma imortal” está situada no nariz de cada indivíduo: “Enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz” (cf. Jó 27:3).

Também lemos na passagem anteriormente citada: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente” (cf. Gn.2:7). Ora, é aí que se situa essa “alma imortal”, no nariz de cada indivíduo? É mais do que evidente que o espírito (fôlego de vida) não é a alma implantada no ser humano nas suas narinas, mas simplesmente o princípio que anima o corpo, concedendo-lhe respiração a fim de se tornar um ser ativo.

Isso explica o fato bíblico deste princípio encontrar-se nas nossas narinas, e não na “alma” ou em alguma outra parte do corpo. Evidentemente, o fôlego de vida (espírito) que possuímos não tem parte nenhuma com uma noção dualista de corpo e alma; antes, é o princípio animador do corpo, que garante a existência da vida terrestre de toda a carne, e que volta para Deus quando expiramos na morte. Dizer que o fôlego de vida (espírito) que foi soprado no homem em Gênesis 2:7 é uma “alma imortal” é o mesmo que dizer que possuímos a alma em nosso nariz, o que creio não ser nem um pouco razoável.

O corpo é formado de matéria, de pó. O espírito é o que dá animação ao corpo, e assim tornamo-nos almas viventes. Sem o espírito em nós, o nosso corpo morto não passa de matéria (pó) inanimado, sem vida. O que é o “espírito”, então? É exatamente aquilo que dá animação ao corpo, é a “vida” por assim dizer. Obviamente não tem parte nenhuma com algum outro “você” que volta para Deus, mas representa tão somente a vida deixada nas mãos do Criador; é por isso que a Bíblia apresenta os animais com o mesmo espírito-ruach possuído pelos humanos (cf. Gn.6:17; Gn.7:21,22; Ec.3:19,20; Gn.7:15; Sl.104:29). No livro de Apocalipse é lido que até uma imagem de escultura é dotada de espírito [pneuma, no grego] para tornar-se um ser animado:

“E foi-lhe concedido que desse espírito [pneuma] à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta” (cf. Apocalipse 13:15)

Aqui vemos que a imagem de escultura (um ser inanimado) foi dotada de espírito [pneuma] e assim foi dada animação [vida] à imagem. É mais do que óbvio que Deus não colocou uma “alma imortal” dentro da imagem e muito menos alguma entidade consciente que volta com personalidade e inteligência para Deus, mas simplesmente concedeu-lhe o fôlego da vida para dar animação à imagem de pedra. É exatamente a mesma coisa que sucedeu aos seres humanos.

A mesma coisa sucedeu a nós: fomos formados do pó da terra, de matéria inanimada; até que Deus soprou em nós o espírito [vida] dando animação à matéria formada do pó – e assim o homem tornou-se uma alma [ser] vivente. O espírito é o que vem da parte de Deus e que dá animação a um elemento inanimado, tornando tal elemento em animado, concedendo-lhe vida. Quando as pessoas morrem, elas perdem a vida [espírito], tornam-se novamente em matéria inanimada (pó), é por isso que a Bíblia afirma que o espírito de todos retorna a Deus (cf. Ec.12:7), pois as pessoas perdem a vida, voltam a ser pó.

Deus, contudo, ressuscitará os nossos corpos mortais, soprando novamente em nós o espírito [vida] na ressurreição (para sermos novamente um ser animado, vivente) tornando-nos novamente em “almas viventes”. Tal fato é relatado com clareza em Apocalipse:

“Então vi uns tronos; e aos que se assentaram sobre eles foi dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados por causa do testemunho de Jesus e da palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na fronte nem nas mãos; e reviveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” (cf. Apocalipse 20:4)

Aqui é nos dito que as almas dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesus reviveram. Se elas “reviveram”, é porque estavam mortas. O que aconteceu, então, nessa ressurreição? Aconteceu que Deus soprou em nós novamente o espírito que vem da parte dEle, para que saíssemos do estado inanimado (i.e, sem vida), tornando-nos novamente em almas viventes:

“Assim diz o Soberano, o Senhor, a estes ossos: Farei um espírito entrar em vocês, e vocês terão vida. Porei tendões em vocês e farei aparecer carne sobre vocês e os cobrirei com pele;porei um espírito em vocês, e vocês terão vida. Então vocês saberão que eu sou o Senhor” (cf. Ezequiel 37:5,6)

“Por isso profetize e diga-lhes: Assim diz o Soberano, o Senhor: Ó meu povo, vou abrir os seus túmulos e fazê-los sair; trarei vocês de volta à terra de Israel. E quando eu abrir os seus túmulos e os fizer sair, vocês, meu povo, saberão que eu sou o Senhor. Porei o meu espírito em vocês e vocês viverão, e eu os estabelecerei em sua própria terra. Então vocês saberão que eu, o Senhor, falei, e fiz. Palavra do Senhor” (cf. Ezequiel 37:12-14)

Notem que não é o nosso espírito que deixa o Céu para se religar ao corpo por ocasião da ressurreição, mas sim o espírito de Deus que concede vida que nos é soprado novamente; fazendo-nos sair dos túmulos, o local onde o povo que já morreu se encontraria. Nós estaríamos sem vida na morte, mas Deus nos concederia novamente o espírito que parte dEle a fim de nos conceder novamente vida por ocasião da ressurreição.

Não existe nenhuma religação entre corpo e alma, mas tão somente o princípio animador da vida sendo novamente concedido a nós por ocasião da ressurreição dos mortos. Podemos assim traçar uma correta analogia com a imagem inanimada de Apocalipse que recebeu o espírito para tornar-se animada:

A NATUREZA HUMANA SEGUNDO GÊNESIS 2:7
A IMAGEM DE APOCALIPSE 13:15
Feito do pó da terra
Feita de pedra
Material inanimado
Material inanimado
Foi-lhe dado o espírito
Foi-lhe dada o espírito
Passou a ter vida (tornou-se um ser vivente)
Passou a ter vida
Tornou-se um ser animado
Tornou-se um ser animado

Como vemos, o “espírito” que possuímos é nada a mais do que aquilo que dá animação ao corpo (matéria), concedendo-lhe vida. A analogia com a imagem de pedra relatada no Apocalipse é válida porque o mesmo que sucedeu aos seres humanos sucedeu também à imagem, ambos tornaram-se um ser animado após ser lhes soprado o espírito. É evidente que o “espírito” soprado não é uma “alma imortal” (pois se assim o fosse então por lógica a imagem de pedra também a deveria possuir, pois também foi dotada de espírito-pneuma), mas é tão somente o princípio de vida concedido às criaturas viventes durante a permanência de sua existência terrestre.

É claramente nos referido que o motivo dos ídolos mudos não serem vivos é decorrente do fato de não possuírem “espírito-ruach”: “Eis que está coberto de ouro e de prata, mas no seu interior não há fôlego [ruach] nenhum” (cf. Hc.2:9). E também em Jeremias: “Todo ourives é envergonhado pela imagem que ele esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego [ruach] (cf. Jr.10:4).

Aqui vemos que os que não têm vida são descritos como sem “espírito-ruach”. Os ídolos são considerados como “sem vida” pelo fato de serem destituídos de espírito-ruach, que é o princípio animador de toda a vida. Quando um ídolo ou uma imagem ganha animação, é descrito como constituído de “espírito-pneuma” (cf. Ap.13:15), porque passou a ter vida. Em outras palavras, o espírito é nada a mais do que o poder capacitador de vida a qualquer ser vivente, mesmo quando se trata de imagens de pedra ou de animais, como veremos mais adiante.

Ele não é uma alma imortal, e nem algo que traz consigo imortalidade, consciência e personalidade após a morte, mas apenas a vida que possuímos em nossa jornada em nossa terrestre. Se o espírito fosse uma alma imortal, então a imagem de pedra de Ap.13:15 e os animais também teriam “almas imortais”, pois são descritos possuindo “espírito-pneuma. Quando o espírito é retirado do ser humano, este volta para o pó da terra (cf. Sl.104:29; Sl.146:4; Gn.3:19). Da mesma forma, quando o espírito concedido temporariamente àquela imagem lhe é retirado, esta volta a ser uma pedra inanimada. O processo é o mesmo: seres ou objetos inanimados que temporariamente ganham vida pelo sopro do espírito-ruach em seu interior e que tornam-se novamente inanimados (sem vida) após este sopro retornar ao Criador.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

Extraído de meu livro: "A Lenda da Imortalidade da Alma"


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